O último destino desta minha aventura foi, nada mais nada menos, que a Índia, que na mesma medida me despertava curiosidade e medo.
Ao chegar a Mumbai fui confrontada com uma notícia desagradável, a minha autorização para entrar no país estava expirada, aliás expirou, mais concretamente, no dia 12/05 e eu entrei no país a 13/05 às 5 horas da madrugada...ou seja, cometi um grande erro, pedi o E-Visa muito cedo e como foi aceite bastante rápido deu nisto...
O resultado foi esperar cerca de 3 horas na sala da imigração no aeroporto de Mumbai, sem saber se me iam deixar entrar no país ou não, ou se existia alguma outra solução.
Felizmente começou logo aí a minha boa impressão dos indianos, os senhores da imigração permitiram-me entrar no país e sem sequer precisar pagar mais nada, foram uns queridos e estou muito agradecida de verdade! 🤩
Não tirei nenhuma fotografia na sala da imigração por respeito, mas quando consegui sair do aeroporto e entrar no metro, tirei esta fotografia com o bilhete do metro, para marcar o momento de felicidade por ter conseguido entrar no país 😄.
Depois de fazer o check in no Hostel, resolvi sair para ir comprar o bilhete de comboio para Goa, precisava ir para Arambol, só não sabia a aventura na qual me estava a meter.
Resumindo, esperei imenso tempo numa fila de um centro de reservas, com dificuldade e com a ajuda de uma senhora polícia que lá estava, preenchi o formulário para a reserva do bilhete e fiquei a saber que tinha que ir até Perném, depois afinal tinha que ir comprar o bilhete noutro centro de reserva...o que vale é que havia sempre alguém a ajudar-me porque às tantas já não fazia ideia para onde tinha que ir.
Enfim lá consegui comprar o tão desejado bilhete, e na noite seguinte lá fui eu para Goa, mas já vos conto sobre essa outra aventura 😅.
Em relação a Mumbai ainda consegui caminhar um pouco pela cidade, visitei o Gateway of India, com a companhia de um senhor indiano que queria praticar o seu inglês 😃.
Gostei muito daquela zona um pouco mais turística, a arquitetura é antiga e bonita, e adorei ver as cores dos saris das mulheres indianas a contrastar com o resto da paisagem, aliás devo dizer que os saris são lindos, fiquei até com vontade de comprar um mas não comprei porque são caros 🤑.
Apanhei o comboio para Perném na estação de Thane, que fica na zona norte de Mumbai e aparentemente os turistas não vão para lá, por isso tanto homens como mulheres olhavam muito para mim, o que parece que incomodou mais a um ou outro indiano que me foi avisar que não devia estar parada muito tempo no mesmo sítio porque podiam começar a meter-se comigo, irónico não é? 😅
Quanto à viagem de comboio, devo dizer meus amigos que mesmo com bilhete comprado para a classe sleeper, é desagradável mas até tem a sua piada...sendo que como pedi uma "cama" superior tive a sorte de mais ninguém se colar a mim e consegui dormir deitada uma boa parte da viagem, chegando com 4 horas de atraso ao destino final 😅, o que como me disseram até foi uma sorte porque o normal é atrasar muito mais 🤔🤣.
Arambol tem praia mas a bandeira esteve sempre vermelha todos os dias que lá estive, por isso não me aventurei muito, acabei por ir à água apenas 2 ou 3 vezes e com a roupa que tinha vestida, mesmo ao estilo indiano, o que pensando bem, fez todo o sentido e até era suposto ser assim, afinal estava na Índia não é?! 😄.
Na realidade optei por ir para Arambol para fazer um voluntariado num abrigo para cães e gatos, no I Love Goa Dogs, em que a dona é uma senhora já com uma certa idade, a Veronica, infelizmente o abrigo foi praticamente todo destruído há cerca de um ano atrás por um ciclone, por isso o seu aspeto atual não é muito apelativo, estando ainda a ser reconstruído, sendo que as condições higiénicas também não eram muito boas, mas ajudei como pude, principalmente dando carinho aos animais mas também na reconstrução.
Acabei por passear um pouco com a Veronica e com o outro voluntário que já estava no abrigo quando cheguei, o Parag.
Provei algumas comidas típicas, como o Thali vegetariano e o Thali de peixe, picantes mas consegui aguentar 😅, a minha comida preferida, quando não estava picante, foi Paneer Butter Masala, que delícia, provei também alguns doces típicos obviamente 😋, e claro não podia ir à Índia sem beber, várias vezes, o tão saboroso chai.
Pelo facto de estar a fazer voluntariado no abrigo, sempre que a Veronica era convidada para algum evento, nós também éramos, foi assim que acabei por participar da celebração de 1 ano do falecimento da mãe de alguém, da celebração de mais não sei o quê cerca de 3 dias depois na casa da mesma família, e ainda assisti a uma casamento de um casal indiano, contudo eles são católicos, tendo sido um casamento bem normal na igreja, por isso ainda não posso riscar da minha listinha de coisas a fazer um dia: "assistir a um casamento indiano".
No Hostel conheci um viajante, o Mário, muito simpático, demo-nos muito bem e ele até acabou por ir ajudar umas vezes lá no abrigo, sendo que uma das tarefas que nos foi pedida foi para fotografar e filmar um senhor indiano, que alimenta vários cães que estão na rua, porque nem todos vão para o abrigo, a maioria continua na rua e são alimentados dessa forma.
Achei impressionante o facto desse senhor disponibilizar algumas horas do seu tempo, todos os dias, para ir alimentar os cães, é incrível a bondade de algumas pessoas.
O tempo passado em Arambol foi agradável, tive alguns azares que influenciaram a viagem de forma negativa, como o facto do meu cão em Portugal ter ficado doente (mas felizmente já está completamente recuperado), mas também andava nervosa por não conseguir comprar o bilhete para ir para Jaipur...
Sabiam que na Índia não é possível comprar bilhetes de comboio online?!
É praticamente impossível vá, até para os próprios indianos, mais ainda para turistas, e isto acontece devido ao elevado número de pessoas, sendo necessário ir até um centro de reserva de bilhetes, preencher um formulário e com sorte conseguir um bilhete, normalmente para os turistas existem sempre alguns bilhetes, só é preciso ir ao centro de reserva correto...no meu caso não fui, nem tentei na verdade, por isso só no próprio dia, em que queria ir para Jaipur, é que comprei um bilhete geral na bilheteira da estação dos comboios, isto significa que não tive lugar marcado, para uma viagem de mais de 24 horas!!
Ainda assim tive sorte porque consegui ir sentada a maior parte do tempo, sendo que por volta das 3 horas da madrugada consegui deitar-me e dormir, aliviando assim as dores de ir sentada tanto tempo 😂, juro que fiquei com os glúteos meio dormentes durante várias semanas devido a essa viagem de comboio, true story! 😅
Fiquei 5 noites em Jaipur mas confesso que conheci muito pouco, bem menos do que tinha pensado, uma vez que logo na segunda noite fiquei mal da barriga e vomitei todo o jantar, e fiquei sem energia para fazer nada durante os dias seguintes, são coisas que acontecem, provavelmente esteve relacionado com o calor porque nem à noite baixava dos 32°, tive que começar a comprar umas saquetas com eletrólitos para colocar na água, e aos poucos fui melhorando 🙏.
Mesmo assim ainda consegui, no primeiro dia, passear um pouco pela cidade e visitar a tão famosa fachada, Hawa Mahal, é realmente bonita e fotogénica, mas optei por admirar apenas do exterior.
Juntamente com um indiano que conheci no Hostel, o Varun, fomos de tuk-tuk, conhecer o Royal Gaitor, nem sabia que existia, a entrada não é cara e ele garantiu-me que eu ia gostar, o que realmente aconteceu, gostei bastante 😁.
À noite fomos ver o Albert Hall iluminado, trata-se de um museu com uma arquitetura muito bonita, contudo fui levada a pensar que as cores da iluminação iam mudando mas acabámos por ver sempre a mesma cor ahah.
De Jaipur segui para Agra, obviamente que não podia deixar de visitar o Taj Mahal logo na minha primeira visita à Índia, não é?! Eheh
Voltei a apanhar o comboio comprando o bilhete geral, já que fiz a viagem mais longa dessa forma, calculei que as outras seriam bem mais tranquilas, neste caso acabei por ter que ir sentada na porta do comboio juntamente com vários indianos curiosos mas inofensivos, foi divertido e lembrou-me um pouco as viagens de comboio no Sri Lanka.
Decidi visitar o Taj Mahal ao amanhecer, para isso acordei às 4 horas da madrugada, não foi fácil mas são sacrifícios necessários 😅.
Assim que entrei no complexo comecei a sentir uma calma, mesmo com a enorme quantidade de turistas que já lá estavam, porque tal como eu, muitos turistas queriam assistir ao nascer do sol no Taj Mahal, o que na realidade até acabei por não assistir mas fui notando a diferença dos tons no céu e na fachada.
Fiquei encantada com a imponência e beleza daquele monumento.
Passei 2 horas a admirar por fora e por dentro, a tirar muitas fotografias e vídeos, pareceu-me tempo suficiente para apreciar aquela maravilha do Mundo.
Há quem diga que não gosta de visitar as maravilhas do Mundo, ou certos locais por achar que são sobrevalorizados, caros e com enchentes de turistas, e claro que são caros e têm muitos turistas mas ainda assim, na minha opinião vale sempre a pena visitar e tirar as próprias conclusões, até para não se arrependerem mais tarde, just saying...
Entretanto era altura de ir para New Delhi, o último destino dentro da Índia, apanhei assim o último comboio, tendo sido a viagem mais curta mas a que me custou mais, por todo o acumular de cansaço e porque ainda estava com os glúteos dormentes da outra viagem gigante 😅.
Sinceramente ouvi tantos turistas falarem mal de New Delhi, da Índia em geral na verdade, mas depois de perceber como funcionam os comboios, que foi a única coisa que me stressou mesmo inicialmente, até achei a Índia bastante mais tranquila e segura do que tudo o que ouvi, posso mesmo dizer que gostei e que quero voltar, há muito mais para conhecer.
Então New Delhi é enorme claro, caminhei bastante, como gosto de fazer, e achei que é uma cidade moderna, com partes mais ricas e outras bastante pobres, como é normal em todas as cidades, sendo que reparei agora que apenas fotografei as partes mais pobres, de qualquer forma o resto da cidade assemelha-se um pouco a qualquer outra cidade, logo não tem tanto interesse para mim.
Consegui visitar alguns locais que tinha pensado, comecei com a visita ao Agrasen Ki Baoli, que é uma espécie de poço com vários degraus e que está no meio da cidade, é gratuito por isso podem visitar sem problemas eheh.
Outra visita gratuita é ao Templo de Lótus, um Templo moderno em forma de flor de lótus, sendo que entramos descalços e lá dentro não é permitido falar, a adoração é feita em silêncio, também não é permitido fotografar ou filmar, só por fora, gostei de visitar, acho que vale a pena.
Decidi visitar o Forte Vermelho, sendo que para lá chegar resolvi ir a pé e tive que dar uma volta muito maior do que tinha pensado porque um senhor avisou-me para não passar dentro de um Slum, uma zona muito pobre, isto porque esse era o meu trajeto inicial, ele disse-me que aquele era um dos maiores e era perigoso caminhar por lá.
O Forte, na minha opinião, está um pouco sobrevalorizado, achei que o preço é excessivo, sendo que nem podemos subir às muralhas mas a arquitetura é bonita, não me interpretem mal...enquanto fazia a visita houve muitas pessoas que pediram para tirar fotografia comigo, e esse contacto humano acabou por melhorar muito o meu dia, tendo ficado com recordações muito bonitas.
No dia seguinte foi dia de voltar para casa, mas claro que só chegaria a casa 2 dias depois para a viagem de regresso ser mais barata 😅.
E assim concluí o meu sonho de dar a Volta ao Mundo, que para os mais distraídos, não significa visitar todos os países do Mundo mas apenas visitar 3 continentes diferentes na mesma viagem, tendo sido essa a regra que segui para planear a minha viagem e concretizar o meu sonho 😍.
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