Cheguei ao Peru por Lima e para ser sincera inicialmente não me agradou assim muito, provavelmente porque vinha da Costa Rica, que é muito diferente, e porque passei um tempo maravilhoso lá, então não posso dizer que tenha sido amor à primeira vista pelo Peru mas foi me conquistando aos poucos, foi um amor lento e gradual e pelos vistos duradouro ❤.
As 3 primeiras e as 2 últimas noites no Peru fiquei em Lima, fui até ao centro histórico mas andavam em obras, tornando-se menos apelativo e acabei por não visitar quase nada lá.
Num dos primeiros dias, enquanto ia do centro histórico para outro lado acabei por entrar num prédio onde basicamente existiam lojas de fotocópias e cenas assim mais industriais, entrei lá porque no meu mapa aparecia um restaurante, que realmente existia, mais do que um até, no topo do prédio e com preços super baratos, apenas 10 soles o menu com ceviche de entrada, peixe com batata doce para prato principal e ainda acompanhado de chá, foi das melhores refeições que comi em todo o tempo no Peru, e o mais extraordinário é que não encontrei um único turista ali, apenas peruanos, o que me agradou bastante.
Onde acabei por passar mais tempo foi na zona de Miraflores, essa sendo uma zona muito turística e percebe-se porquê, embora eu só tenha entendido melhor nos 2 dias antes de dizer adeus ao Peru 😅.
Miraflores fica no topo de uma colina, talvez possa chamar assim, ou seja, para chegar à praia é preciso descer muitos degraus, mas as praias ali não são nada de especial, têm imensas pedras, é preferível ficar a apreciar a vista do topo, onde existem muitos jardins e é o local ideal para assistir ao pôr-do-sol, por vezes também assistimos a aulas de dança ou de zumba.
Se nos primeiros dias andei a passear com menor interesse naquela zona, nos últimos dias apreciei cada momento, simplesmente a caminhar e a curtir o ambiente.
De Lima segui para Huacachina, um oásis perto de Ica, e basicamente um chamariz para turistas.
Fiquei 3 noites em Huacachina, o que por norma é demasiado, mas apeteceu-me ficar a relaxar.
O oásis é pequenino, tem vários Hotéis e Hostels, alguns restaurantes, lojinhas para turistas e a lagoa, e é isso, mas depois tem as dunas em todo o redor, o que torna a estadia ali muito interessante.
Confesso que descansei muito e de resto subi a 2 dunas, em dias diferentes.
A primeira até foi fácil subir e acabei por ficar sozinha lá no topo por cerca de 2 horas, senti-me muito zen e feliz.
A segunda já custou mais um pouco, era mais alta e mais desafiante, sendo que quando cheguei ao topo senti-me mais realizada, aí já não estava sozinha e estava imenso vento, acabei até por ficar a ver o pôr-do-sol na duna, descendo já ao anoitecer mas senti-me sempre segura.
As vistas tanto de uma como da outra valem muita a pena o esforço.
Daí segui para Arequipa mas apenas fiquei uma noite, caminhei um pouco pela cidade, pareceu-me agradável mas nada de mais, tem um vulcão próximo o que lhe dá um certo charme mas do pouco tempo que lá estive apenas de manhã cedo deu para ver, porque de resto esteve sempre tapado com nuvens.
No dia seguinte segui para Puno, a cidade com maior altitude onde alguma vez estive, e onde podemos apreciar o lago Titicaca.
Uma curiosidade: As viagens de autocarro no Peru são sempre muito longas, são sempre muitas horas e tornam-se cansativas claro, por isso quando lá forem se decidirem andar de autocarro preparem-se para isso 💪🏻, um aspeto interessante é aparecerem sempre vendedores ambulantes com comida e bebida, o que às vezes dá jeito eheh.
Cheguei a Puno já de noite, estava bastante mais frio do que pensei, finalmente dei uso ao meu casaco e às botas de Inverno 😁.
Resolvi ficar 3 noites, o que foi uma boa decisão, deu para descansar e ir adaptando melhor à altitude, embora ainda me tenha sentido tonta numa manhã mas tirando isso a adaptação foi boa, afinal estava a 3900 metros de altura, algo nada normal para mim.
Decidi ir conhecer as Ilhas Uros, na realidade apenas 2 das Ilhas porque são imensas, fui até ao porto marítimo e comprei a ida e volta de barco, tive que esperar cerca de 2 horas para chegarem mais turistas, o que foi uma seca, depois a visita foi interessante mas percebe-se que as Ilhas já vivem unicamente dos turistas por isso perde bastante genuinidade, mas mesmo assim vale a pena a visita.
Acabei por pagar mais para andar naqueles barcos típicos do lago que eles chamam de Mercedez-Benz eheh, infelizmente como gastei demasiado nessa visita já não deu para ir conhecer as outras Ilhas maiores que existem no lago Titicaca...foi pena.
Junto ao porto marítimo encontra-se o Malécon de Puno, bastante extenso, acabei por não percorrer todo, mas achei bonito com vários desenhos no chão e tendo vista para o lago e para a cidade.
No segundo dia completo em Puno optei por subir até ao Mirador Kuntur Wasi, com 620 degraus que me custaram imenso a subir, a cada 8 ou 10 degraus parava para respirar melhor, mas à medida que subia a vista ia ficando cada vez mais bonita.
No Mirador existe uma estrutura com a estátua de um condor, dessa estrutura tem-se uma vista de 360° o que é fixe, mas de qualquer parte do Mirador a vista é linda, sem dúvida uma visita a não perder, apesar do esforço.
A cidade de Puno tem ainda a Plaza de Armas claro, como em quase todas 😅, o centro histórico é bonito e faz-se um belo passeio por lá.
Daí fui para Cusco, o tão aguardado destino e aquele que me encantou completamente, embora os primeiros dias tenham sido maus mas isso foi porque a minha experiência de voluntariado, que deveria ter durado quase 1 mês, foi bastante desagradável e acabou por durar apenas 5 dias, ou seja, acabei por ter que pagar estadia num Hostel, algo que não estava previsto mas foi melhor assim porque a partir desse momento é que comecei realmente a apreciar a cidade de Cusco.
O Hostel era muito barato, cerca de 3€/3,5€ por noite, acabei por ficar 14 noites aí, não seguidas porque entretanto fui para Machu Picchu Pueblo, mas já lá vamos 😊.
Com tanto tempo livre deu para um pouco de tudo mas como o meu orçamento já estava a sofrer um bocado, acabei por fazer menos coisas do que tinha pensado...mas é mesmo assim, nem sempre dá para tudo, o simples facto de estar na cidade de Cusco durante algumas semanas já foi maravilhoso, é uma cidade linda, não me importava nada de regressar por mais um tempo 😍.
Depois de descansar um pouco comecei então a organizar os meus dias, comprei o bilhete turístico, que é algo fundamental para as visitas, comprei a entrada para Machu Picchu e o transporte de ida e volta até à Hidroelétrica ( porque não se vai até ao Pueblo de carro mas depois explico melhor), e comprei um tour para o Vale Sagrado e outras atrações, já me sentia uma viajante novamente 😄.
A primeira visita foi às ruínas de Saksaywaman.
Dá para ir a pé mas é sempre a subir, ruas e escadas, sendo que as ruínas são interessantes e agradáveis, não são muito extensas pelo que a visita não demora muito, e com sorte ainda encontram umas quantas alpacas para alegrar as fotografias 😁.
Daí decidi ir visitar o Mirador do Cristo Branco, que afinal é bem pequenino, vendo da cidade parece outra coisa ahah, mas indo às ruínas vale a pena passar por lá, sempre se aprecia a vista que é muito bonita.
Outra atração incluída no bilhete turístico é o espetáculo de música e dança no Centro Qosqo de Arte Nativo, que acontece todos os dias às 19h mas vão variando as apresentações.
É um espetáculo muito colorido, bonito e tradicional, que é o mais importante.
Entretanto apenas uma curiosidade sobre os restaurantes, alguns têm menus e nesse caso basta entrar e sentar, sem nem dizermos nada trazem os talheres e a sopa, depois perguntam qual é o segundo prato que vamos querer, e ainda temos direito a bebida, normalmente um chá, sendo que os preços costumam ser bastante baratos, eu fiquei fã desse sistema 😄.
Para visitar o Vale Sagrado resolvi comprar um tour porque são várias visitas e por conta própria seria mais complicado e provavelmente gastaria o mesmo ou mais.
O tour durou 12 horas, desde as 7h até às 19h, foi um dia cheio e com almoço incluído.
Começamos por visitar Chinchero, umas ruínas onde já existem construções dos espanhóis por cima, é uma visita que se torna mais interessante com guia para termos noção do que se passou ali.
A caminho da visita seguinte parámos numa habitação onde produzem têxteis, e tivemos direito a uma explicação de como tratam e coloram as diferentes lãs, bebemos chá e quem quis comprou alguma coisa, o típico destes tours...
Depois fomos para Maras, as salineiras, sendo que a entrada não está incluída no bilhete turístico mas a visita é obrigatória na minha opinião e são apenas mais 10 soles.
As salineiras são impressionantes, existem centenas de banheiras onde colhem o sal, é uma zona muito quente, tem uma espécie de microclima por causa do sal.
Dali seguimos para Moray, que são uns socalcos dispostos em círculos, existem três mas apenas um está arranjado e limpo para os turistas, num dos outros há quem vá meditar e deixar oferendas.
Todas as visitas tinham muitos turistas mas creio que aí foi onde vi mais, é realmente uma visita imperdível.
Ainda antes do almoço visitámos Ollantaytambo, toda a vila é bonita e muito direcionada para os turistas, e as ruínas são grandes, com muitas escadas para subir, mais uma visita obrigatória sem dúvida, só foi pena estar sempre a chover mas deu para apreciar um pouco e ouvir as explicações do guia.
Depois do almoço fomos visitar Pisaq, que são socalcos que serviram para agricultura e onde também existem algumas ruínas, a vista é muito bonita.
Do outro lado podemos observar um cemitério antigo, em que colocavam os mortos mumificados e os seus bens preciosos em buracos na montanha que depois fechavam, obviamente que muitos já foram pilhados e por isso é possível ver vários buracos abertos na montanha.
Decidi visitar mais três atrações incluídas no bilhete turístico que ficam um pouco mais afastadas de Cusco mas não muito.
Para uma delas até deu para ir a pé, Q'enqo, tive que subir imensas escadas, custou muito 😅, e depois a visita foi super rápida, tem muito pouco que ver e sem guia ainda mais rápido se torna.
Entra-se numa rocha com umas construções interiores mas sinceramente fiquei sem saber do que se tratava.
Depois apanhei um autocarro, super barato, para ir visitar as outras duas atrações.
A primeira foi Tambomachay, são ruínas com água, grosseiramente falando, tem pouco que ver mas é bonito.
Daí fui a pé até Puka Pukara, são umas ruínas dispostas em forma circular e donde se tem uma vista brutal para as montanhas circundantes.
Entretanto chegou o dia de ir para Machu Picchu Pueblo, sendo que de Van apenas podemos ir até um local chamado de Hidroelétrica, que são cerca de 8 horas de viagem, e depois é preciso caminhar cerca de 3 horas pela linha férrea, a andar tranquilamente e a apreciar o caminho, ou seja, foi cansativo, ainda mais porque passei mal durante a noite anterior e todo o dia 🤢.
Machu Picchu Pueblo, antigamente conhecido como Águas Calientes, é pequeno e pitoresco, rodeado de montanhas, e sendo atravessado pelo rio Urubamba e pela linha do comboio o que lhe dá um certo charme.
E eis que chegou o grande dia, o dia da visita a Machu Picchu 🤗.
Resolvi subir a pé, o que no meu caso significou acordar bem cedo porque comprei a entrada para as 6 horas da manhã, por isso às 4 horas já estava a sair do Hotel, caminhei cerca de 30 minutos até chegar à ponte que precisamos atravessar para começar a subir a montanha, mas a ponte afinal só abre às 5h, por isso não façam como eu e durmam mais esses 30 minutos, fica a dica 😉.
Após passar a ponte começamos a subir as escadas, que nunca mais acabam, no google diz que são cerca de 3000 degraus, eu demorei 1 hora e 10 minutos literalmente só a subir escadas...foi cansativo mas dá para fazer, o mais importante é respeitar o que o nosso corpo nos diz e ir descansando.
Comecei a visita pelas 6:20 e demorei cerca de 3 horas, fui sem guia o que foi uma pena mas ficava caro.
Obviamente tinha muitas expectativas nesta visita e posso afirmar que não me desiludi, Machu Picchu é realmente um lugar encantador e mágico, sendo que tive a sorte de o apreciar com nevoeiro, ficando ainda mais místico, e depois sem nevoeiro permitindo observar todo o seu esplendor.
Está muito bem preservado, arranjado e organizado também, podemos observar as ruínas de cima, onde se pode fazer a tal fotografia típica, e depois podemos caminhar entre as ruínas, onde consegui estar um bom tempo sem mais nenhum turista, já que fui muito cedo e a maioria passa muito mais tempo a ver de cima para tentar ficar com a fotografia perfeita.
A visita às ruínas é obviamente imperdível mas acrescento que toda a vista em redor é deslumbrante 😊.
Voltei para Cusco fazendo o mesmo percurso mas em sentido contrário, desta vez a caminhada durou cerca de 2 horas e meia até à Hidroelétrica e depois de Van até Cusco, muitas horas e em estrada de montanha, não recomendado a quem tem medo de alturas 😅.
Dia 8 de Abril fiz uma tatuagem, uma das melhores e mais permanentes recordações da viagem, parece que se está a tornar um hábito 😄, mas desde que feita num estúdio com todas as condições de higiene e cuidados é tranquilo e até uma boa ideia 😎.
O que dizer de Cusco, amei a cidade, é muito bonita toda rodeada de montanhas, adorei caminhar pelas ruas, relaxar na Plaza de Armas (apesar de estar sempre cheia de turistas claro), subir até à Igreja San Cristóbal que tem uma excelente vista da cidade, visitar o Mercado San Pedro, enfim tem tanto que ver e que fazer (havendo dinheiro obviamente) que é um prazer passar um bom tempo lá.
Entretanto acabei por torcer um pé a passar uma rua, o que me obrigou a descansar ainda mais do que era suposto e a deixar algumas visitas de lado, nas quais teria que caminhar muito...mas acontece e do mal o menos.
O regresso para Lima foi atribulado...devia voltar de autocarro, cerca de um dia inteiro de viagem, já tinha o bilhete comprado e tudo, na segunda-feira muito cedo desloquei-me à estação dos autocarros mas estava encerrada, estava a decorrer uma greve dos transportes terrestres, já não era a primeira mas eu não sabia desta, conclusão não ia haver autocarros nem naquele dia nem no dia seguinte, e eu tinha um voo para apanhar em Lima na quarta-feira!
Fiquei desesperada, com alguma dificuldade consegui arranjar um táxi para me levar ao aeroporto, numa agência fora do aeroporto comprei um voo de última hora para Lima, que ficou muito caro para o meu orçamento, foram momentos muito maus, de toda a viagem foi o momento mais stressante, mas depois de chegar a Lima ainda na segunda-feira comecei a relaxar.
Aproveitei o último dia completo no Peru a passear por Miraflores, aliás o meu alojamento desta vez já foi mesmo nessa zona, a minha zona preferida de Lima.
E assim de repente chegou o dia de sair do Peru, o dia de dizer "Até que nos voltemos a ver" a este país que me conquistou gradualmente mas de forma duradoura e ao qual sem a menor dúvida quero regressar em breve ❤.
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